Para onde a corrida me leva


Além de correr muito, quem opta por praticar maratonas e ultramaratonas passa boa parte do tempo que resta fora de treinos se motivando. Seja em documentários, livros ou em conversas com pessoas mais experientes, um sofredor que se preza busca com frequência razões para seguir em frente.


Parte dessa mobilização mental passa pela escolha da próxima competição ou desafio. No caso de corridas longas, não há tanta diversidade como ocorre com provas de 10 e 21K, por exemplo, que a cada mês ocorrem dezenas em vários cantos do país. Pior, muitas vezes, ultramaratonas acontecem em lugares difíceis de acessar. Só o deslocamento até o local da largada é uma epopéia que exige um tremendo esforço mental.


Para alguns corredores, principalmente no meu caso, competir não tem sido prioridade. Prefiro criar meus próprios desafios. Nos quatro anos que morei em São Paulo, entre 2008 e 2012, aproveitei para competir no litoral, na serra, em zonas rurais e até na pista da Escola dos Fuzileiros Navais, no Rio de Janeiro. Entre uma corrida de 30K em Peruíbe e a tradicional Bertioga-Maresias, corri 100K só pelo litoral paulista. Foi bem interessante esse período.


Quando voltei a morar em Novo Hamburgo/RS, no ínicio de 2012, sabia que aquele ritmo de uma ultramaratona a cada três meses que eu estava acostumado acabaria. Então inventei de definir rotas a partir da minha casa para cobrir grandes distâncias por estradinhas e trilhas da região do Vale do Rio dos Sinos. Apelidei a coisa toda de Travessia dos Vales.


A primeira jornada foi em abril de 2015, quando corri 87K entre Novo Hamburgo e Santo Antônio da Patrulha. Uma experiência bem interessante. Consegui desenhar uma rota totalmente fora das rodovias que levam ao litoral, passando por pequenas fazendas e sítios e sempre ao lado do rio que dá nome ao vale.


Desde então, já corri 261K passando por Ivoti, Dois Irmãos, Estância Velha, Campo Bom, Sapiranga, Nova Hartz, Três Coroas e a zona rural de Novo Hamburgo, conhecida por Lomba Grande.


Na próxima semana vou dissecar melhor esses caminhos que fiz, com relatos mais ricos sobre cada experiência, em texto e fotos.


Nesse vídeo, da minha participação no TEDx Unisinos em 2015, conto um pouco mais sobre o que inspirou essa ideia do Travessia dos Vales:


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